sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Perda de um Grande Amor ou O Colecionador de Dores

A perda de um grande amor envolve muitas dores, as quais tenho colecionado.

A dor da amputação, da separação, de se arrancar uma parte de você como um membro, uma vida, um futuro. Sonhos, planos, filhos e até netos.
A dor de nunca mais ter a pessoa amada, e tudo aquilo que acontecia, sentia, vivia, quando juntos.
A dor de ter perdido aquilo que costumamos chamar de "nós dois".
A dor da solidão.
A dor do medo da solidão.
A dor de imaginá-lo/a com outra/o.
A dor de vê-lo/a com outra/o.
A dor do ciúme, da posse ferida.
A dor pelo fim do amor, propriamente dito.
A dor da saudade que faz a gente pular de lembrança em lembrança, fazendo a gente provar aquela felicidade de novo por um segundo, para no outro cair no mais profundo desalento.
A dor do desespero. Da certeza absurda, ridícula e ingênua de que nunca mais vai amar outra vez, ainda que se tenha consciencia do quão absurdo, ridículo e ingênuo isso seja.
Aquela dor que te rasga o peito, feito facada.
Aquela dor que é quase uma carícia leve na ferida semi-aberta, que a gente quase curti no escuro do quarto, encolhido de baixo do lençol, enquanto chove uma enchente pelos olhos...
Aquela dor latente, que fica ali o tempo todo, faça chuva, faça sol, na festa, na praia, no bar, na hora do café da manhã e na janta, enquanto você sorri ou parece distraído.

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