sexta-feira, 28 de maio de 2010

Mais um fracasso


Primeiro uma ansiedade incontrolável toma conta de mim. Minha cabeça não pára, como se eu tivesse tomado café, ou cheirado pó. Aí dá aquele frio na barriga, aquele arrepio que percorre a espinha, sinto todas borboletas que moram no meu estômago voando e tremo toda. Hesito por alguns instantes, penso em ir embora, me esquivar do encontro, fugir sem nem avisar - histeria pura! - mas logo me recomponho e sigo em frente, sem pensar 3 vezes. Nos encontramos. A princípio fico assim meio sem jeito e tu, que tem sempre tanto assunto, fica meio mudo. Até que tudo vai se tornando familiar, como se a gente se conheceçe a muito tempo e ao mesmo tempo tivesse tanto a descobrir. Os próximos momentos fluem como uma dança bem ensaiada, mas que na verdade é puro improviso e é justamente aí que tá toda a graça. Enquanto não acaba, os ponteiros do relógio continuam se movendo em torno do mesmo eixo, assim como a terra continua girando ao redor do sol. Alguém em algum lugar nasce, alguém em algum lugar morre. Alguém chora, alguém goza, alguém briga. O engarrafamento continua existindo, assim como os sons de buzina e todos os outros da cidade. Mas a gente parece que entra numa nave transparente, sem teto, chão ou parede. E sobe até o céu, por entre núvens, lua e estrelas. Então, tudo desaparece: buzina, engarragamento, parto, briga, choro, relógio... Eu fico me perguntando se tu sente a mesma coisa que eu: essa lombra, essa embriagez... Parece que eu viro nunvem quando tô contigo. Até que chega a hora da partida - ou da chegada - eu já nem sei... A gente vai voltando aos poucos pro mundo lá em baixo, pras buzinas, pros engarrafamentos. A gente se deixa sem cerimônias e sem apego; cada um vai pro seu lado, sem drama. Nada dói. Porque é como se a gente fosse com um pouquinho um do outro. Na verdade um muito; eu diria um tudo. É como se ao invés de eu ter te deixado, eu tivesse te absorvido e assim me simto plena. Impera uma sensação de completude. Me sinto preenchida dentro de mim mesma. No caminho de volta eu fico degustando cada lembrança como se fosse concreta. E todas as palavras se tornam insuficientes pra descrever o que aconteceu comigo nesse intervalo absurdo de tempo, fazendo dessa e todas as outras tentavivas de relato um fracasso patético.

3 comentários:

Anônimo disse...

e onde tá o fracasso ai mesmo? acho que ando burr@ e não identifiquei.

Patrícia Pinheiro disse...

tá aqui oh: "E todas as palavras se tornam insuficientes pra descrever o que aconteceu comigo nesse intervalo absurdo de tempo, fazendo dessa e todas as outras tentavivas de relato um patético FRACASSO."

Anônimo disse...

o fracasso foi eu não ter percebido que não era pra mim, que estava longe disso.