sexta-feira, 13 de maio de 2011

Fossa

Vontade de ir pro bar mais derrubado, pedir a bebida mais forte, amarga e barata, ouvir as músicas mais tristes e depressivas e (eu que não fumo) pedir um cigarro, o mais chulo e ruim, pra combinar com o meu estado de espírito. Fumar um, dois, três... até ficar com a alma impregnada de fumaça e nicotina. Me embriagar até apagar, não sem antes remoer todas minhas desgraças, tragédias e fracassos, até chegar no fundo do poço. Lá chegando, cavar mais. Continuar cavando ao ponto de ficar com as unhas gastas, os dedos encaliçados. E aí, embriagada, fumada e exaurida, cair pra acordar no outro dia ainda pior, ressaquiada de corpo e alma. Achando pouco, querendo mais, passar o dia pregada, olhando pra algum ponto no além, olhos sempre molhados, cutucando a ferida em carne viva. E vomitar até quase botar pra fora o próprio estômago, sentindo o gosto de fel da bili e misturado ao amargo da minha dor. Esperar a noite chegar pra dormir, desejando nunca mais acordar e então começar tudo denovo, porque como dizem "desgraça pouca é bobagem" e além do mais, ser feliz é para os fracos; os fortes sangram até a última gota.

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