sexta-feira, 20 de maio de 2011

Energia-dual

Dois
bichos peçonhetos
movendo-se
de frente um para o outro
a se encarar
com olhos e corpos

Fluidez, malícia, sedução
todos os sentidos em alerta.

Até que, seguindo a sua natureza,
um dos dois quebra a inércia e avança
num ataque rápido e certeiro.
Seguindo a sua natureza,
o outro se defesa com um novo ataque
que segue de outro
e outro
e outro
...

Agora confundem-se
já não sendo possível distinguir quem é quem
emaranhados um no outro
num corpo a corpo
de pernas, barriga e braços;
escorpião é tudo igual.

Mais velocidade
mais força
mais intensidade
até atingirem o clímax.

...

Uma dança?
Uma luta?
Um ritual de acasalamento?

Derrotados,
ofegantes,
encharcados,
Tornam-se outra vez dois
a desfrutar a calmaria que segue sempre
os ritos ancestrais selvagens e vicerais

até recomeçar
o encontro que consuma
o eterno pulsar dual de
amor e guerra
combate e dança
morte e vida.

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