domingo, 8 de abril de 2012

Tua cruz

Ainda está no meu peito aquela mácula
nódoa de sangue que não larga
dói pensar no umbigo
ligação mais profunda
tens o umbigo do mundo coincidindo com o teu
não te apavores
nasceste pra ser culpada
Judas, Madalena
e tua culpa é o que te faz pura
porque te cura do medo de ser idiota
quem te ver assim tão nova
não advinha o segredo que guardas no ventre.
Só as mães tem a força
a desventura
de nada temer ou tudo enfrentar.
Aquela ponte
que tu abandonou
aquele cais
onde o teu navio não balança mais
aquele regaço e aquele porto
desabitado
talvez ainda esteja lá
mas você não está.
O teu sol raiar.
Qdo?
Não preciso de ninguém que me oriente,
mas de quem me salve.
Quando tu me ligava altas horas
mesmo abstênico
minha noite tinha mais cor
minha lua brilhava.
Quanto tempo mais pra míngua dessa perpetua minguancia?
Uma vida será pouco?
Nosso crime tem perdão?
A minha solidão, incurável solidão
Quem dera eu ser convictamente cética
e não tão cheia de duvidas e ruídos
lembranças já não acalentam
o sossego, quando mais se quer mais se perde
tem jeito?!
defeito de fábrica, sina, divida hereditária.
Não, minha mãe não tem nada haver com isso.
Karma. Karma hereditário.
E isso tudo a nos dilacerar de novo.
E ponto final.

http://www.youtube.com/watch?v=ijQpr_NxpU0

Nenhum comentário: