terça-feira, 27 de março de 2012

Amor de Mar

Juro que tentei te expulsar
a pedras e paus,
mas você não sai da minha casa labiríntica.
Nela tem um caixa
de carne e sangue
onde guardo tudo com muito cuidado.

Nos buraquinhos do teu rosto, tantos continentes
e um oceano perdido por debaixo dos nossos lençóis.

uma casa pequenininha
cheia de amor
cheia de musica
cheia de mar

uma tarde de domingo
nós dois perdidos em todo aquele verde-azul daquela casa-mar
casa oceânica naufragada esquecida nas profundezas de deusa-iemanjá
disponível apenas pra quem tiver a coragem de ir lá, mergulhar
onde a gente se encontra e se perde
adormece e acorda
se abraça e se solta
num movimento de ondas.

Tudo posso no amor
sagrado é encontro de nossos corpos
em nome da vida, do gozo e do filho que não teremos.
A vida pede passagem e coragem.
Pecado é negar amor a quem se ama.

Creio no amor comido
amanhecido
pão de cada dia,
manga de vez.

Amor que bate a porta
amor que grita, esperneia, rir e chora
amor que briga e que se entende
bate e se debate
e até faz poesia
amor que faz amor
amor que ama
amor que goza
abraça, aperta, abarca
amor de cara amassada e beijo de manhã
café com pão
cama, mesa e chão
minha cabeça no teu ombro, teu sexo na minha mão.
Vinho, cigarro, mesa de bar e violão
amor que bebe cachaça
amor que vomita
amor que se sente na pele, não no coração.
Amor de dia e amor de noite
amor comendo peixe, sujando as mãos -
o amor olhando o mar.

Amor que fica perto,
que tem coragem.

O amor me ensinou a não temer a morte
o amor me ensinou a não temer a dor
o amor só não me ensinou a ter saudade.

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