terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um adeus

Ele se foi. Ainda bem porque me doia ele sendo minha sombra. Ele foi porque eu mandei ele ir. Agora ele pode ser teu, toma. Cuida bem dele, tá? Melhor do que eu pude cuidar. Eu espero que ele possa ser bom pra ti e tu pra ele, como nós fomos um para o outro, mas já não podiamos mais. Digo, não estava mais sendo bom pra mim. Eu me sentia sufocada. Precisava denovo esticar as asas, alçar voo, voar. É minha sina, mais cedo ou mais tarde eu sempre preciso voar. E ele era o que me prendia ao chão. Como todo pássaro, eu me aborrecia, pois queria o céu. Agora eu voo e ele sofre no chão sem mim. Se tem uma coisa que aprendi que a vida não é, é justa; a alegria de uns é a tristeza de outros. Nossa história não foi uma mentira, apenas deixou de existir. Eu quis ter um filho teu e ser a mãe mais linda do mundo, juro! Eu voei tantas vezes contigo. Você me conheceu lá no fundo, teve o melhor e o pior de mim. Pra quê mais? Agora acabou e eu vou ter você como uma coisa boa que passou por mim. Eu vou ter você em mim, inevitavelmente. Eu, essa colcha de retalhos eternamente inacabada. Mais cedo ou mais tarde vou querer você, por saudade, desamparo ou desejo. Pode vir também a nostalgia, mas aquilo que fomos nunca mais tornará a existir, assim como é impossível uma mesma mulher entrar duas vezes num mesmo rio, porque duas estrelas só se cruzam uma vez, por mais infinito que seja o céu. O céu. Olhemos pro futuro sem esquecer nossas origens. Serei eternamente grata pelo que você deixou em mim. E eu vou continuar te amando quando a gente se deixar.

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