quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cena 4

QUERO

Ator 2. QUERO

Quero ter o que quero
e querer o devido pra meu corpo e espírito.
Prazer, só de gozar e não ter.
Este livro que amo, quero lê-lo contigo.
Este pão tem mais gosto
se é com alguém que o como.
Beber vinho é ridículo
sozinho.

Quero-te meu irmão, para o que der e vier.
Quero-te pra gozar e pra sofrer.
Como ousaria por a mão
no que é teu
se todo o nada é nosso?
E como podes desejar o meu
se o que foi feito (e tão pouco foi feito)
foi sofrido em comum
e é tão caro
e imperfeito?

Que ninguém nos dê ordens
porque os ordenamentos
foram por nós criados
no primeiro momento.

Que ninguém nos castigue.
Nascemos para ser para sempre felizes.
E a dor é a contingência
do corpo e do espírito
fragrância passageira
da flor do equilíbrio.

Eu não quero governo, eu não quero polícia.
Quero o acerto livre e o erro livre.
E quero ter o amor, se o tiver, sem disciplina.
E se o amor acabar que acabe aos gritos.
Abaixo para sempre
a mentira!



retirado de Colônia Cecília (Um pouco de Ideal e Polenta) - Teatro -, de Renata Pallotini.

Nenhum comentário: